Há uns tempos atrás, perguntei-me a mim mesmo se na história do cinema alguma vez algum realizador tinha sido suficientemente astuto para filmar um filme de um só take. Ou seja, quase filmar uma peça de teatro, mas fazê-la parecer um filme. Esta pergunta foi-me respondida quando esta semana vi pela primeira vez Rope de Alfred Hitchcock, que saiu com o Público na última sexta-feira a propósito de uma colecção com vários filmes do realizador.
Foi em 1948 que Hitchcock adaptou Rope's End a peça de Patrick Hamilton para o cinema, filmando-a em 8 ou 9 takes (não num único take apenas porque a duração máxima de um rolo de filme a cores na altura era de 10 minutos). Todos estes takes são articulados entre eles de uma forma pouco perceptível, mantendo uma linha condutora de uma imagem para a outra, uma continuidade na acção. Para estas passagens de um pedaço de fita para outro a solução encontrada foi fazer passar um dos personagens à frente da câmara ocupando todo o campo com uma imagem uniforme - as costas de um casaco, por exemplo, servindo assim como fim de uma filmagem e princípio da seguinte.
Apesar do filme contar com James Stewart no seu elenco, a estrela principal aqui é a câmara. Todo o cenário e movimentação dos actores foram concebidos a pensar na câmara que se movimentava pelo cenário acompanhando a acção. Este era o primeiro filme que Hitchcock filmava a cores, e uma câmara a cores na altura tinha enormes dimensões, o que dificultou ainda mais a rodagem do filme. Escusado será dizer que se houvesse o mais pequeno erro de representação ou filmagem aos 9 minutos do take não havia outro remédio que não começar de novo.
O filme, tal como a peça, trata do assassínio de David Kentley por parte de dois amigos seus - Brandon Shaw (John Dall) e Phillip Morgan (Farley Granger) - que o cometem apenas por prazer - uma procura pelo crime perfeito. O desafio torna-se maior quando após consumado o acto os assassínos convidam os amigos, família e noiva da vítima para um jantar servido em cima da arca onde escondem os corpos. O jantar - um verdadeiro ritual de culto ao crime perfeito - torna-se cada vez mais estranho à medida que a acção avança, com Rupert Cadell (James Stewart), um antigo professor da vítima e dos seus dois "amigos", que vai suspeitando o que se passa a partir de pistas deixadas pelos autores do crime. Toda a acção desenrola-se num apartamento em New York, exceptuando os créditos iniciais, onde é filmada uma rua da mesma cidade apenas para Hitchcock poder fazer disfarçadamente a sua característica aparição enquanto figurante.
Apesar de não ser o típico filme de Hitchcock e de não nos prender tanto ao enredo como outros tantos seus, razões para ver Corda não faltam, a começar na experiência tecnológica de Hitchcock e a acabar na performance dos actores, passando pela cenografia.
Foi em 1948 que Hitchcock adaptou Rope's End a peça de Patrick Hamilton para o cinema, filmando-a em 8 ou 9 takes (não num único take apenas porque a duração máxima de um rolo de filme a cores na altura era de 10 minutos). Todos estes takes são articulados entre eles de uma forma pouco perceptível, mantendo uma linha condutora de uma imagem para a outra, uma continuidade na acção. Para estas passagens de um pedaço de fita para outro a solução encontrada foi fazer passar um dos personagens à frente da câmara ocupando todo o campo com uma imagem uniforme - as costas de um casaco, por exemplo, servindo assim como fim de uma filmagem e princípio da seguinte.
Apesar do filme contar com James Stewart no seu elenco, a estrela principal aqui é a câmara. Todo o cenário e movimentação dos actores foram concebidos a pensar na câmara que se movimentava pelo cenário acompanhando a acção. Este era o primeiro filme que Hitchcock filmava a cores, e uma câmara a cores na altura tinha enormes dimensões, o que dificultou ainda mais a rodagem do filme. Escusado será dizer que se houvesse o mais pequeno erro de representação ou filmagem aos 9 minutos do take não havia outro remédio que não começar de novo.
O filme, tal como a peça, trata do assassínio de David Kentley por parte de dois amigos seus - Brandon Shaw (John Dall) e Phillip Morgan (Farley Granger) - que o cometem apenas por prazer - uma procura pelo crime perfeito. O desafio torna-se maior quando após consumado o acto os assassínos convidam os amigos, família e noiva da vítima para um jantar servido em cima da arca onde escondem os corpos. O jantar - um verdadeiro ritual de culto ao crime perfeito - torna-se cada vez mais estranho à medida que a acção avança, com Rupert Cadell (James Stewart), um antigo professor da vítima e dos seus dois "amigos", que vai suspeitando o que se passa a partir de pistas deixadas pelos autores do crime. Toda a acção desenrola-se num apartamento em New York, exceptuando os créditos iniciais, onde é filmada uma rua da mesma cidade apenas para Hitchcock poder fazer disfarçadamente a sua característica aparição enquanto figurante.
Apesar de não ser o típico filme de Hitchcock e de não nos prender tanto ao enredo como outros tantos seus, razões para ver Corda não faltam, a começar na experiência tecnológica de Hitchcock e a acabar na performance dos actores, passando pela cenografia.
Rope
Realização: Alfred Hitchcock
USA, 1948
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