sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Estabelecimento algo particular #2


Foto: Francisco Nogueira

Existe na Av. Luís de Camões em Santo Amaro/Alcântara este anúncio por baixo de uma janela. Médico boca e dentes. Será que o senhor J. Freitas Simões é então dentista? Ou para ser mais preciso, já que também trata da boca, é estomatologista?
Como diria o nosso grande Fernando Pessa: "E esta hein?"

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

My milkshake is better than yours

Na 3ªFeira fui ver pela enésima vez um dos filmes que considero ser um dos melhores filmes dos anos 90 (senão o melhor) e um dos meus filmes preferidos - Pulp Fiction - que curiosamente nunca tinha visto no cinema (em 94 era ainda uma criança de 9 anos). Passou na cinemateca e não perdi a minha oportunidade, já que tinha perdido a sessão especial no Corte Inglês quando estreou o Kill Bill vol 1.
E reparei num pormenor ao qual Tarantino não prestou muita atenção, um pequeno erro de raccord na cena em que Vincent Vega (John Travolta) e Mia Wallace (Uma Thurman) estão a jantar no Jack Rabbit Slim's depois de terem sido servidos pelo Buddy Holly (Steve Buscemi). Na passagem de um plano para outro enquanto Mia passa o batido a Vincent, nota-se que curiosamente Vincent recebe um bónus de batido durante o curto caminho do copo. Aqui ficam as imagens. Sei que é quase imperceptível e não tem qualquer importância, mas fica o registo.



terça-feira, fevereiro 21, 2006

Alteração de datas

A primeira conferência do ciclo, por parte de João Bénard da Costa, marcada para o dia 23 de Fevereiro, terá que ser adiada por motivos de força maior. Concretamente, pelo facto do conferencista se encontrar doente e ter cancelado todos os compromissos marcados para as próximas semanas.

Assim, esta conferência terá lugar numa data a anunciar, e a próxima conferência será dia 9 de Março com Pedro Costa sobre o tema "Cinema e Cinema", com projecção do filme "Onde jaz o teu sorriso?" realizado pelo mesmo.

domingo, fevereiro 19, 2006

Falar (e ouvir) sobre Cinema

Esta quinta-feira, dia 23, inicia-se um ciclo de conferências sobre Cinema na Faculdade de Arquitectura. A organização está a cargo do recém nascido núcleo da Cinema da FA-UTL do qual faço parte.
Para marcar o nascimento do núcleo, amanhã, segunda-feira, serão projectadas curtas-metragens do início da história do Cinema nos 3 átrios do pavilhão de Arquitectura da faculdade. Irmãos Lumière, George Méliès e uma série de autores portugueses da mesma altura. Para quem não conhece, vale a pena ver. Durante todo o dia na Faculdade de Arquitectura.


Fotograma de Johnny Guitar, Nicholas Ray (1954)

Fica aqui o Press Release do ciclo.

O recém criado Núcleo de Cinema da Faculdade de Arquitectura da UTL apresenta um ciclo de conferências sobre Cinema que se iniciará com uma conferência proferida por João Bénard da Costa, subordinada ao tema " Memória e Cinema".
Este Núcleo que tem como primeiro objectivo aprofundar as relações disciplinares entre o Cinema e a Arquitectura, nesta primeira acção pretende focar alguns temas centrais da cultura cinematográfica.
O ciclo terá lugar nas instalações da Faculdade, no pólo universitário da Ajuda, a partir da próxima 5ª feira, dia 23 de Fevereiro, prolongando-se até Abril, conforme a seguinte programação:

23.02.06 - "Memória e Cinema", por JOÃO BÉNARD DA COSTA, Presidente da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema
09.03.06 - "Cinema e Cinema", por PEDRO COSTA, Cineasta
16.03.06 - "Acção e Cinema", por MANUELA DE FREITAS, Actriz
23.03.06 - "Técnica e Cinema", por JOAQUIM PINTO, Cineasta, Técnico de Som
30.03.06 - "Realidade e Cinema", por CATARINA MOURÃO, Cineasta
06.04.06 - "Teoria e Cinema", por JOÃO MÁRIO GRILO, Cineasta, Professor Universitárip

Para mais informações contactar:
José Neves, Arq.
T. 918353727
jose.neves.atelier@mail.telepac.pt

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O Leopardo de Visconti



Il Gattopardo de Luchino Visconti é a adaptação do romance de Tomasi di Lampedusa sobre a unificação de itália iniciada por Garibaldi na segunda metade do século XIX. O Princípe Fabrízio Salina (Burt Lancaster) é um aristocrata siciliano que tenta manter a sua posição numa Itália em revolução e unificação. Embora Tancredi (Alain Delon), seu sobrinho, esteja do lado dos liberais revolucionários, Fabrízio continua do seu lado e inclusivamente apoia a sua união com Angelica (Claudia Cardinale) filha de Don Calogero (Paolo Stoppa) um rico burguês que vê o seu poder aumentar. É assim um casamento de conviniência, trazendo de volta a riqueza a Salina e o nome a Calogero. Toda esta intriga dá-nos um muito bom retrato do contexto histórico da época, uma história particular (uma de muitas), que nos conta a história geral. Para não falar depois do realismo que é dado durante toda a narrativa, literária e imagética.
A representação é fantástica, com um Burt Lancaster fora de série. Alain Delon está muito bom e Claudia Cardinale além de lindíssima é uma belíssima actriz. E toda a beleza desta última, é exponenciada pela personagem que encarna. Angelica não sendo um anjo, é uma figura quase divina. Uma musa que figura em si a beleza, a sensualidade e o desejo.
Possivelmente o melhor filme do realizador, e também o mais auto-biográfico. Visconti era um aristocrata (para além de comunista e homossexual, uma mistura explosiva, no mínimo). Conta-se que Burt Lancaster, que até então tinha sido actor de um registo de filme totalmente diferente, não sabia exactamente a postura que deveria ter como aristocrata. Visconti simplesmente pediu-lhe para o imitar.
Todo o filme tem patente a temática da morte, desde a primeira cena em que é encontrado um soldado morto no jardim de casa dos Salina. Tendo a sua apoteose na cena em que Lancaster contempla o quadro que ilustra a morte durante o baile, e no final quando o mesmo se ajoelha perante o padre que passa para dar a extrema unção na cena final. Esta ideia de morte é a metáfora do fim de um sistema social, a morte de uma classe social, a aristocracia.
E já agora acrescento o tema do vento. O mesmo vento que no início faz abanarem as cortinas enquanto se reza, apaga as velas que iluminam o papel que Don Calogero lê enquando transmite ao povo o resultado das eleições, nessa cena tão caricata. O vento que faz mexer a bandeira tricolor ou a toalha branca do piquenique (que faz lembrar a bandeira branca aristocrata).
A ideia com que fiquei é que muitos, senão a maioria, dos realizadores de hoje tinham editado o filme numa hora e meia. Metade do que vemos na versão integral. O que se perdia seria criminoso. Todo o ritmo a que o filme se desenvolve, os pormenores que são focados, os planos que em vez de serem apenas um, são talvez dez, fazem deste uma obra prima.
Pegando por exemplo na viagem da família Salina desde a sua casa de férias até ao palácio, aquilo facilmente seria reduzido a menos de 30 segundos de filme, apenas com recurso a um plano. Visconti utiliza talvez 10 planos da caravana a subir a fantástica paisagem da montanha, introduz a cena da estrada barricada, a cena da dormida a meio caminho, e tudo isto com mestria. Dá-nos mais pormenores sobre as personagens, sobre a situação que se vivia, a opinião do clero (neste caso do representante em questão, o padre) sobre os aristocratas como o Príncipe, um pouco mais de indicações da paixão de Concetta por Tancredi. Para não falar na odisseia visual que nos proporciona. Todo filme é exemplo do que falo.
Imperdível.
10/10



Il Gattopardo - Versão Integral
Realização: Luchino Visconti
Itália/França, 1963
Em projecção no cinema Nimas

domingo, fevereiro 05, 2006

Instantâneos #2


Cores da Cidade
Foto: Francisco Nogueira

Mais uma daquelas em que estava com máquina no sítio certo à hora certa.

Ia eu a descer a Park Avenue depois de ter visto pela primeira vez a obra do mestre Frank Lloyd Wright, o Guggenheim de NY, quando aí pela 79th vi um sujeito que me prendeu a atenção (provavelmente não fui um caso único), pelo que me pareceu, um artista de rua ou coisa do género. Como todo o bom turista, tinha a máquina digital à mão, tirei-a do bolso, e o resultado foi mais ou menos o que podem ver. Digo mais ou menos porque a parte do contraste cor/preto e branco foi trabalho de casa no Photoshop.