Esta semana vi O Fiel Jardineiro (The Constant Gardener), novo filme do Fernando Meirelles.
O primeiro contacto que tive com o filme foi através da crítica de Alexandra Prado Coelho que vinha no Y (suplemento cultural do Público às sextas-feiras). Logo deparei-me com um parágrafo introdutório que nos fazia um aviso - se estivessemos à espera que Fernando Meirelles repetisse a receita de Cidade de Deus sairiamos da sala de cinema desiludidos. Opinião até sustentada pelo próprio realizador - "Se esperarem de mim sempre Cidade de Deus as pessoas vão ficar frustadas".
Lendo a sinopse e sabendo que o filme era uma adaptação do romance de John le Carré, fiquei com uma ideia de que o filme seria qualquer coisa completamente diferente da sua última longa metragem, um dos filmes dos últimos anos de que mais gostei.
Não foi preciso mais do que 10 minutos decorridos da projecção do filme para que percebesse que o universo de Cidade de Deus estava ali presente. Em primeiro lugar na fotografia. Uma fotografia bem ao género dos outros filmes do realizador. Alternâncias de planos em handycam e steadycam, do focar e desfocar de objectos em função de outros em planos diferentes. A cor tem um desempenho fundamental, transmitindo o calor e sensações africanas por meio de uma miscelânia de cores nas paisagens em África, em total contraste com as cores sóbrias nas filmagens na Europa. Fotografia esta que vale uma boa parte do filme (Tal como sucedera em Cidade de Deus - nomeado para o Óscar da Academia, entre outros, de melhor fotografia, que acabou por perder, não sei muito bem como e porquê, para Master And Commander.).
Em segundo lugar, no argumento - encontramos uma crítica a um qualquer mal do mundo onde vivemos - tal como em Cidade de Deus. Neste caso, o mal a que o filme se refere é à posição das grandes empresas farmacêuticas que testam as suas novas descobertas nos habitantes africanos, revelando-se algumas destas experiências fatais.
Ainda a referir a excelente representação de Ralph Fiennes e Rachel Weisz. Curiosamente, até a representação se assemelha ao cinema brasileiro!
Para além de tudo isto, Meirelles, através do romance de le Carré, consegue dar uma enorme carga amorosa ao filme, sendo ao mesmo tempo uma história de amor como há algum tempo não via. Especial relevo para as cenas amorosas entre os dois actores, que transmitem uma grande profundidade apesar da sua aparente simplicidade.
Sem dúvida um dos melhores filmes de 2005.
O primeiro contacto que tive com o filme foi através da crítica de Alexandra Prado Coelho que vinha no Y (suplemento cultural do Público às sextas-feiras). Logo deparei-me com um parágrafo introdutório que nos fazia um aviso - se estivessemos à espera que Fernando Meirelles repetisse a receita de Cidade de Deus sairiamos da sala de cinema desiludidos. Opinião até sustentada pelo próprio realizador - "Se esperarem de mim sempre Cidade de Deus as pessoas vão ficar frustadas".
Lendo a sinopse e sabendo que o filme era uma adaptação do romance de John le Carré, fiquei com uma ideia de que o filme seria qualquer coisa completamente diferente da sua última longa metragem, um dos filmes dos últimos anos de que mais gostei.
Não foi preciso mais do que 10 minutos decorridos da projecção do filme para que percebesse que o universo de Cidade de Deus estava ali presente. Em primeiro lugar na fotografia. Uma fotografia bem ao género dos outros filmes do realizador. Alternâncias de planos em handycam e steadycam, do focar e desfocar de objectos em função de outros em planos diferentes. A cor tem um desempenho fundamental, transmitindo o calor e sensações africanas por meio de uma miscelânia de cores nas paisagens em África, em total contraste com as cores sóbrias nas filmagens na Europa. Fotografia esta que vale uma boa parte do filme (Tal como sucedera em Cidade de Deus - nomeado para o Óscar da Academia, entre outros, de melhor fotografia, que acabou por perder, não sei muito bem como e porquê, para Master And Commander.).
Em segundo lugar, no argumento - encontramos uma crítica a um qualquer mal do mundo onde vivemos - tal como em Cidade de Deus. Neste caso, o mal a que o filme se refere é à posição das grandes empresas farmacêuticas que testam as suas novas descobertas nos habitantes africanos, revelando-se algumas destas experiências fatais.
Ainda a referir a excelente representação de Ralph Fiennes e Rachel Weisz. Curiosamente, até a representação se assemelha ao cinema brasileiro!
Para além de tudo isto, Meirelles, através do romance de le Carré, consegue dar uma enorme carga amorosa ao filme, sendo ao mesmo tempo uma história de amor como há algum tempo não via. Especial relevo para as cenas amorosas entre os dois actores, que transmitem uma grande profundidade apesar da sua aparente simplicidade.
Sem dúvida um dos melhores filmes de 2005.
The Constant Gardener
Realização: Fernando Meirelles
UK, 2005
1 comentário:
o que eu estava procurando, obrigado
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